06 junho, 2011

Agilizar o que não é agilizável

Na melhor das hipóteses 15 dias para um governo tomar posse? Estamos à espera que contem os votos dos emigrantes portugueses? E só para a semana é que se ouvem os partidos representados no Parlamento? Só mesmo num país terceiro-mundista. Era o que faltava no dia 23, no Conselho Europeu, Portugal ser representado por um político que os portugueses despediram com um valente pontapé no traseiro. Nem que fosse preciso trabalhar e fazer contactos e negociações para o novo governo dia e noite, o governo teria que estar empossado até ao próximo fim-de-semana. Tomada de posse formal no Palácio da Ajuda com centenas de convidados? Para quê? Não querem agilizar o processo? O país não pode esperar. Ou será que pode?

A «outra» mulher de Passos

Já se sabe que por detrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher. No caso de Passos Coelho...há duas. Bem, não estou a especular que o primeiro-ministro eleito é infiel, mas boa parte da vitória deve-se à senhora da foto, Alessandra Augusta, uma «marketeira» brasileira de 40 anos, jornalista de formação e com mais de 30 campanhas eleitorais feitas no Brasil, que aconselhou e seguiu o presidente do PSD para todo o lado nas últimas semanas. Diz fonte que bebe do fino que o «olheiro» decisivo para a contratação da «zuca» foi Miguel Relvas, conhecido pelas suas frequentes incursões a terras de Vera Cruz, ávido de conhecer novos talentos, quase sempre femininos, para si e, já agora, para o seu partido. Dizem que no caso em apreço foi o chamado «2 em 1». Se a moça fica por cá, vai ser o Edson Atayde de saias. Resta saber se também tem um Tio Olavo.

As perguntas mais patéticas

O repórteres televisivos são os reis da banalidade. Na ânsia de se atropelarem uns aos outros para ver quem vomita as questões mais patéticas aos candidatos, o «como se sente?» ou «está nervoso?», figuravam na «pole-position» das perguntas obrigatórias. Eis que agora têm um forte concorrente à altura, que ontem e hoje voltou a ouvir-se: «Dormiu bem?». Pela forma como as coisas evoluem, não seria surpresa que na escalada de tonteria ouvir-se num futuro próximo: «com quem dormiu?»

Governo a prazo?

Alguns dos «treinadores de bancada» que tenho ouvido nas tertúlias televisivas e radiofónicas acham que o governo de maioria de direita pode não cumprir até ao fim os quatro anos de legislatura. Se calhar o melhor era seguir o exempo belga, sem governo vai para um ano e não consta que o país esteja em risco de desaparecer.

A frase da noite eleitoral

«Não pretendo ocupar nenhum cargo político nos próximos anos», José Sócrates, secretário-geral demissionário do PS, TSF Online, 5 Junho 2011

Grande lata

Gostei de ver, à passagem de Passos Coelho no Hotel Sana, a jornalista(?) Inês Serra Lopes, completamente possuída com o triunfo social-democrata, aos beijos e aos abraços à malta do aparelho laranja. Não é de admirar que amanhã apareça na televisão e a escreve nos jornais como grande arauta da independência e da isenção. Que lata!

O notário

Os portugueses escolheram Passos Coelho para primeiro notário do acordo firmado entre a troika e o cessante governo socialista. Portas vai ser o notário-adjunto, mas a negociação para a atribuição dos «tachos» promete ser dura. Livramo-nos de um que era intragável e que já tinha expirado o prazo de consumo, e agora temos dois à perna. Sobre um deles conhecemo-lo de ginjeira, o outro temos uma vaga ideia. Tem boa voz para cantar o hino, mas isto não vai lá com sopranos.