08 setembro, 2010

Um palco para «Sua Inocência»

O canal do Estado parece que alugou um palco exclusivo para Carlos Cruz. O «senhor televisão», depois de um programa de debate na sexta-feira e o «Prós e Contras» de segunda, vai amanhã estar cara a cara com a «doutora» Judite. Aliás, o programa «Grande Entrevista», depois de Dias Loureiro, Duarte Lima e agora Carlos Cruz, está a tornar-se um decandente albergue de condenados, indiciados e suspeitos em busca de lavar a sua imunda honra. Não sei se o José Fragoso da RTP vai nisso, mas em vez de promover esta campanha, mais valia criar um formato especial para Cruz, por exemplo, com os sugestivos nomes «Eu, acuso!» ou «Inocente, digo eu». Era audiência garantida. É apenas uma ideia. Enquanto isso, retive o belíssimo (mais um) artigo de Manuel António Pina no «Jornal de Notícias» de hoje. Para ler na íntegra:

A entrevista "non stop" que, desde que foi condenado, Sua Inocência tem estado ininterruptamente a dar às TVs teve o mais respeitoso e obrigado dos episódios na RTP1, canal que é suposto fazer "serviço público".
Desta vez, o "serviço" foi feito a um antigo colega, facultando-lhe a exposição sem contraditório das partes que lhe convêm (acha ele) do processo Casa Pia e promovendo o grotesco julgamento na praça pública dos juízes que, após 461 sessões, a audição de 920 testemunhas e 32 vítimas e a análise de milhares de documentos e perícias, consideraram provado que ele praticou crimes abjectos, condenando-o à cadeia sem se impressionarem com a gritaria mediática de Suas Barulhências os seus advogados, o constituído e o bastonário.
Tudo embrulhado no jornalismo de regime, inculto e superficial, de Fátima C. Ferreira, agora em versão tu-cá-tu-lá ("Queres fazer-lhe [a uma das vítimas] alguma pergunta, Carlos?"). O "Prós & Contras" só não ficará na História Universal da Infâmia do jornalismo português porque é improvável que alguém, a não ser os responsáveis da RTP, possa chamar jornalismo àquilo.

A vida longe do «pântano»

Apesar de reconhecer que foi um dos responsáveis pelo estado a que chegámos, tenho simpatia pelo político e cidadão António Guterres. Acho mesmo que se daqui a uns anos ele tivesse a veleidade de querer regressar para uma candidatura a Belém o povo seria capaz de lhe perdoar a retirada estratégica do governo e depositar confiança na sua pessoa. Bem mais depressa, aliás, que ao também fugitivo Barroso, que abandonou o governo que encabeçava para tratar da sua vidinha, por indicação dos amigos B&B (Blair e Bush).
Os elogios que tem recebido na ONU indiciam que está a fazer um meritório trabalho como alto comissário para os refugiados. Ontem, acompanhado pelo Mexia da EDP, o ex-Primeiro-Ministro andou pelo Quénia e até acabou por ficar com um turbante improvisado a cobrir-lhe o coro cabeludo, como a imagem documenta. Não é o melhor dos mundos, mas pelo menos está longe do «pântano» e tem o privilégio de poder privar de perto com a embaixadora das Nações Unidas para os refugiados que se chama Angelina Jolie. Uma oportunidade ao alcance de poucos. Parafraseando o próprio, «é a vida!».

Gagos e de olhos em bico

Lady Gaga não pára de surpreender as massas, até no Oriente. A cantora(?) ou produto da sociedade de massas (whatever) faz a capa da edição da «Vogue» japonesa, para homens, cobrindo o corpo com um singelo bikini composto por carne...crua. As sociedades protectoras dos animais já demonstram a sua ira por mais uma traquinice da senhora que em Dezembro promete arrasar no Pavilhão Atlântico.

A frase do dia

«O modelo cubano já não funciona», Fidel Castro, em entrevista à revista «The Atlantic», citado pelo jornal «El Mundo», 8 Setembro 2010

Paulinho da lavoura

O hiperactivo Paulo Portas despiu o fato e a gravata e «vestiu» a farda da lavoura, com um chapéu de palha com a inscrição «Nós semeamos!». Portas é, de facto, um político multiusos, procurando abranger, quando as sondagens assim o exigem, vários franjas, desde os reformados, os agricultores e os combatentes de guerra. O pior é que a mensagem fica turva quando nesse mesmo dia chega a Lisboa mais um submarino, de nome «Tridente», uma comprinha excêntrica do «outro» Portas, aquando da sua passagem pelo forte de S. Julião da Barra. São muitas personagens para um político só.