14 dezembro, 2009

Frio de bater o dente e aridez noticiosa

Se não fosse o delicioso caso do «souvenir voador» do signori Tartaglia, até aposto que ainda não tinha escrito uma linha neste blog desde ontem à noite, tal é a aridez noticiosa que por aí anda. O Sócrates elogia as «Novas Oportunidades», o Santos Silva anda pelo Kosovo a passar revista às tropas e o PSD parece que já entrou em férias de Natal. Para piorar o cenário, já começaram os balanços do ano. Para a redacção do «Expresso», o Twitter foi eleito a figura internacional de 2010. Só pode ter sido o director e viciado militante desta rede social, Henrique Monteiro, a manipular a votação.
Posto isto, notícia mesmo parece ser o frio que em muitas cidades vai fazer com que as temperaturas cheguem a valores negativos. Grande coisa! Isto anda cada vez mais parecido com a Suiça!

Notícias malucas, escritas com os pés

Estão bem lembrados como a semana passada foram recriminados termos empregues no Parlamento, como «esquizofrénicos» e «inimputabilidade», para caracterizar senhores deputados. Cria urticária a insustentável leveza com que certa imprensa aborda questões tão sérias como as que se relacionam com o foro psiquiátrico. Ao folhear os jornais portugueses sobre o caso do «souvenir assassino», deparo-me com dois exemplos gritantes do que acabo de mencionar. No tablóide «CM», o agressor Massimo Tartaglia é apelidado de «deficiente mental», enquanto no semi-tablóide «DN», o engenheiro que visou Berlusconi é entendido como um «louco». Pelas informações disponíveis, o indivíduo é acompanhado por psiquiatras há 10 anos, mas não consta que merecesse estar internado, numa camisa de forças, no que popularmente se chama como «hospital dos malucos». No máximo era um desequilibrado, não um demente como os garrafais títulos pretendem fazer supor. O insensato acto que cometeu poderá ter explicações dessa natureza, mas radica, para começar, no clima de ódio e vingança que nunca deixou de existir na política italiana. Se calhar fez pelas suas mãos o que muitos italianos invejavam. Para Berlusconi, acaba por cair como sopa no mel esta agressão, óptima para recuperar, através de uma campanha de vitimização, os índices de popularidade e dar novo fôlego a um «consulado» político em acelerado processo de erosão.

O souvenir do crime


Novela à italiana

Um desequilibrado mental, um souvenir do Duomo e um primeiro-ministro agredido. Os ingredientes ideais para uma grande novela. A internet aquece com o fervor dos apoiantes de Massimo Tartaglia, agora em prisão preventiva: «Santo súbito (imediatamente)», «casa comigo» ou «todos somos Tartaglia», são alguns dos apelos nas diversas redes sociais, do Twitter ao Facebook. Enquanto isso, no hospital, Berlusconi questiona: «Porque me odeiam tanto?».