24 novembro, 2009

O retrato do país em forma de telegrama

No blog do defunto «Semanário Privado» repesquei um artigo do advogado e ex-casapiano, Pedro Namora, em jeito de telegrama, que dificilmente teria lugar nas chamadas gazetas de referência que por aqui se publicam. Aqui vai a prosa.
Revi "O Padrinho", stop.
Entendi Sócrates, Vara; Gama; Júdice; Pinto Monteiro; Maçonaria; Pedroso; Soares; Jorge Sampaio; Rui Mateus; Fátima Felgueiras; Carlucci; Terrorismo; Camarate; Edite Estrela; Preto; stop.
Portugal necessita: bons actores, melhores sofistas, imaculados a granel, escutas anuladas, pedófilos e mafiosos perdoados, formalismo castrador, stop.
Siga a marcha, que para mais não dá, stop.
Viva a presunção da inocência decretada pelos aventais. Stop.
Viva o formalismo processual e a verdade que se fere! Stop.
Viva o triunfo do lixo, na secretaria, sobre a substância ! Stop.
Viva o país onde fazer de conta dá milhões! stop.
Viva a Fundação Soares e o pai da pátria! Stop.
Viva a face oculta de uma verdade por demais conhecida! Stop.
Vivam os democratas impolutos e os filhos da puta que se cuidem, porque a concorrência grassa! Stop.
Viva o rebanho que sai à rua "a horas certas", para eleger reiteradamente os que fazem do filme de Coppola uma pobre obra de ficção a quilómetros da realidade portuguesa. Stop.
Vivam os espertos que pontuam com frases certeiras a crítica inabalável aos bloguistas ensandecidos! stop.
Viva a marmelada entre o Pinto Monteiro e o Sócrates! Stop.
Vivam os que, bem comportados, determinaram o que significa Freeport, licenciatura na farinha amparo; face oculta com o rabo de fora; putativo engenheiro; CGD; BCP; Mota Engil; Galp; Pina Moura;Jorge Coelho; sucateiros; Expo 98. Stop.
E eu cada vez com mais vontade de comprar uma metralhadora. Stop!

Mais trabalho, menos socialização em rede

O director de informação da RTP está atento às redes sociais na sua redacção. Em entrevista ao «JN», José Alberto Carvalho refere que publicou há dias um conjunto de recomendações de «bom senso», que os «seus» jornalistas devem observar quando estão no Facebook, no Twitter ou em blogs pessoais. Mandamento um: «nunca publicar nada numa rede social que ele não possa colocar na antena da RTP». Mandamento dois: «Não é muito recomendável que um jornalista da RTP que esteja a fazer a cobertura de uma história manifeste opiniões tendenciosas no seu blog». O pivô do «Telejornal» assegura que as suas regras foram «bem recebidas» e lembra que nos Estados Unidos, já foi despedido um jornalista por causa de dois posts do Twitter.
Não sei porquê mas esta observação cheira a aviso à navegação da rapaziada da redacção da Marechal Gomes da Costa. As «twittadas» anti-executivo devem ter incomodado a central de informação informal dos ministros Silva Pereira e Santos Silva.

Investigações e alucinações

Figueiredo Dias, o «pai» do Código Penal, concede hoje uma interessante entrevista ao «Público», em que defende a tese que se a informação proveniente de um processo em segredo de justiça resultar de investigação jornalística, então não deve ser considerada violação do segredo de justiça. O eminente professor de Coimbra esquece-se é que o jornalismo de investigação já acabou, se é que alguma vez existiu por estas bandas. Agora aparece tudo nas secretárias das redacções, pela mão de funcionários judiciais, juizes ou magistrados do Ministério Público, a troco de umas massas para as férias. Basicamente a culpa pela violação do segredo judicial é de todos. É um pouco como o caso que Hercule Poirot teve para desvendar no «Crime do Expresso do Oriente». Todos eram suspeitos. Como todos detestavam a vítima, descobriu-se que todos os passageiros tiveram, directa ou indirectamente, «culpas no cartório».

Venha de lá esse abraço!

Jorge Jesus e Pinto da Costa encontraram-se numa cerimónia pública e trocaram o caloroso abraço que a primeira página de «O Jogo» documenta. Por mim nada a obstar, mas sabendo-se como os fundamentalistas futeboleiros reagem, não se admirem que este gesto acabe por sair caro ao treinador do Benfica.