04 agosto, 2009

De mal a pior

Pode parecer embirração, mas garanto que não é. Aliás, já tínhamos avisado. TSF, notíciário das 23h30. Um jovem e inexperiente locutor, como a esmagadora maioria dos que apresentam os boletins noticiosos das 21 horas em diante, diz aos microfones: «Para fechar, a habitual contabilidade da gripe A....». «Contabilidade» já era mau, agora empregar «habitual» é do pior que pode haver. Fica o reparo, ao cuidado do sempre atento director da rádio de informação.

Pacheco, o caça-jornalistas

Vai agitado o processo de elaboração das listas do PSD. A líder «pontapeou» para longe os «passistas», os «santanistas» e o que restava do «barrosismo», com a saída de Relvas e Sarmento, para além de ressuscitar as «velharias» em menos mau estado do museu cavaquista, a saber, Couto dos Santos e Deus Pinheiro. Mas a grande revelação é o regresso de Pacheco Pereira, encabeçando a lista por Santarém. Ou seja, salvo cataclismo, o historiador da Marmeleira, reassumirá o lugar de deputado que ocupou entre 1987 e 1999. Recorde-se que durante a sua passagem por S. Bento, ficou célebre a intenção de limitar a circulação de jornalistas no Parlamento. Agora, que a sua sanha persecutória contra os «escribas» do regime é maior, prevê-se muita confusão a partir da proxima legislatura. O que é curioso é que boa parte dos réditos mensais deste cavalheiro provêm de uma televisão, onde tem dois programas, e de uma revista, com uma artigo semanal. A ver se mantém estas colaborações quando for investido em funções parlamentares.

A melosa Zézinha

Quando oiço falar em Maria José Nogueira Pinto, lembro-me do que João Soares dizia, e presumo que continue a dizer, de Santana Lopes: tem mel. Quase que já colaborou e participou em iniciativas políticas de todos os partidos, PCP e BE excluídos. Basicamente quase todos consideram uma mais-valia contar com a sua presença num projecto político. Acontece que com tanto frenesim, a senhora acaba, muitas vezes, por entrar em contradição. Numa altura em que já declarou o seu apoio a António Costa na corrida à Câmara de Lisboa, aceita ser a segunda da lista do PSD, em Lisboa. Só não sei se quem a convidou, presume-se que Ferreira Leite, se lembrou que num hipótetico e não de todo improvável governo de coligação entre sociais-democratas e centristas como é que se vai operar a coabitação entre a Zézinha, titular pasta da saúde ou da educação, e o Rato Mickey...perdão, Paulo Portas.

O jogo da mala

Isaltino é o homem de quem se fala, mas não é, certamente, o único «bandido» à face da Terra. Diz o «Público Online» que Manuela Ferreira Leite insistiu com a distrital de Lisboa do PSD para incluir António Preto e Helena Lopes da Costa, deputados e arguidos em processos relacionados com crimezitos fiscais, falsificações e atribuição irregular de casas municipais (coisa de somenos), nas listas pela capital. Realmente é um mistério o «íman» que mantém sempre Preto, especialista em negócios nebulosos e também conhecido como «o homem da mala», colado à presidente do PSD. No fundo, Preto, cujos méritos se desconhecem, é o Dias Loureiro de Manuela. Tal como no anúncio da prevenção rodoviária, com ela, o Preto vai sempre atrás. Com companhias destas, um dia destes ainda rebenta uma «bomba» nas mãos da soturna senhora.

Os dois pesos e as duas medidas

Quando soube da sentença do tribunal no caso Isaltino, uma dúvida assaltou-me o espírito: os magistrados de Sintra, Gondomar, Marco de Canavezes e Felgueiras administram a justiça com base em provas e no Código Penal ou com base em pressões? De uma absolvição, sem mais, para uma condenação de sete anos de prisão efectiva vai uma grande diferença de juizos. Se a sentença transitar em julgado, Isaltino poderá considerar-se uma espécie de Vale e Azevedo do Poder Local. Escolhido para o sacrifício, para servir de exemplo.