23 junho, 2009

Muito riso, pouco siso

O novo doutor honoris causa pela Universidade de Edimburgo deverá decidir amanhã se as eleições do Outono coincidem ou se, em alternativa, o país que faz vida de novo-rico, quando nunca saiu da pobreza, vai ter de suportar duas campanhas eleitorais consecutivas. Seria um sinal político e um acto de coragem se Cavaco acedesse ao pedido do PSD, o único partido a propor a realização simultânea de legislativas e autárquicas. Mas cairia o Carmo e a Trindade do lado socialista. O PSD é mais forte que o PS no poder local e a esta associação poderia penalizar o PS no sufrágio nacional. Nesse cenário, Cavaco ficaria para o PS, como Sampaio ficou para o PSD de Santana, depois da implosão política provocada pela dissolução do Parlamento, que, curiosamente, motivou eleições antecipadas e a subida ao poder de Sócrates. Tantas semelhanças. Quase sempre os mesmos protagonistas. Pena que sobre aos nossos políticos em sorriso, o que falta em decisões arrojadas.

A «loira» aborreceu-se


Pacheco Pereira deu, na semana passada, uma entrevista a Maria João Avillez, para publicação no «I». Entretanto, no sábado, o jornal do grupo Lena trouxe para manchete uma entrevista com o sempre em pé Menezes, que apelidou o historiador da Marmeleira de «loira do PSD». Pacheco não gostou do destaque dado e informou os responsáveis do «I» que, como forma de retaliação, não autorizava a publicação da sua entrevista, a menos que houvesse um pedido de desculpas formal. «Especialistas em jornalismo», contactados pelo DN de hoje, sustentam que o "paineleiro" da «Quadratura do Círculo» não tem razão. Pacheco invoca a falta de seriedade do jornal. Não gostou da escolha do título. Talvez fosse mais fácil processar Menezes. Mais um caso para entupir os tribunais.

A fraude

O travo mais amargo que deixa esta governação, que o respeitável eleitor se encarregará de plebiscitar em Setembro próximo, é o sentimento de uma tremenda fraude democrática cometida. Depois dos imensos esforços pedidos desde o inicio da legislatura, e da proclamação que o défice estava quase erradicado devido ao processo de consolidação orçamental encetado, eis que o castelo de areia se esboroa, paradoxalmente, com estrondo. Diz o professor do ISEG, João Duque que a quebra nas receitas de impostos nos cinco primeiros meses do ano dava para pagar três pontes Vasco da Gama. «As finanças estão bastante más», sentencia o catedrático. A sério? Não era o que dizia a propaganda oficial. A justificação para o descalabro deve ser a de sempre, a crise internacional. Nos próximos anos, esqueçam lá o sonho de ver os impostos mais baixos e o défice no limiar dos 3 por cento. O «fugitivo» Barroso ainda volta à pátria que abandonou, daqui a 5 anos, e continuamos na mesma, ou seja, de tanga...