19 abril, 2009

Janela de negócio

Em tempo de crise, há um restaurante no centro de Lisboa que não tem mãos a medir. Chama-se «La Finestra», localiza-se nas Avenidas Novas e está na primeira linha das escolhas do «beautiful people» alfacinha. Está aberto há dois meses e na boca de toda a gente. A reserva é quase obrigatória, sob pena de se ter de ir pregar para outra freguesia gastronómica. Na sexta-feira, o fecho aconteceu já a madrugada ia alta e ontem, sábado, o volume de reservas para o jantar aproximou-se da centena. Muitos pedidos foram recusados. Só os mais afortunados puderam provar as deliciosas pizzas daquele espaço, que já caiu no goto de jogadores de futebol, jornalistas e designers consagrados. Escrevo estas linhas na altura em que oiço no «Telejornal» que os portugueses comem cada vez mais enlatados, em detrimento da carne e do peixe. Uma imagem gastronómica contraditoria de um país gritantemente desigual.

O deve e o haver

O FC Porto vai ser, justamente, o próximo campeão nacional. Melhor do que o Sporting, muito melhor do que o Benfica. Quando se chegar à 30ª jornada, para quem se der ao trabalho, que faça uma contabilidade do deve e do haver em termos de erros dos árbitros. Só hoje, na folgada vitória diante da Académica, aconteceu um penalty escandaloso não assinalado por mão de Meireles e um golo de Farias em fora-de-jogo. E ainda há a habilidade de Proença no lance entre Lisandro e Yebda no Dragão,que evitou a derota azul e branca.

A «private dancer» do regime

O militante do CDS, Sampaio Pimentel, mostrou a sua indignação com a abstenção do grupo parlamentar centrista na votação sobre o sigilo bancário. Tão cioso da esfera privada dos contribuintes, desta feita o partido de Portas disse «passo». Pimentel teme que o CDS se transforme na «private dancer» do regime. Uma associação que faz lembrar a música de Tina Turner dos longínquos anos 80. Só que desta feita, o que está em jogo não é a dança em troca de dinheiro, é a abstenção em troca de poder, no período pós-eleitoral. O CDS é um partido moribundo, mas sem dignidade. Vende-se por pouco.

A semana Sócrates

À beira maneira de Obama, Sócrates vai socorrer-se dos meios de comunicação e das novas tecnologias para passar a imagem do homem do leme que, mesmo quando tudo desaba, não abandona o barco. Para terça-feira está prevista uma entrevista televisiva no canal do Estado e no próximo sábado, 25 de Abril, o Primeiro-Ministro e secretário-geral do PS, vai responder durante uma hora, em directo e por vídeo a dez perguntas, seleccionadas entre as que podem começar a ser enviadas hoje, através do site www.socrates2009.pt. Desconhece-se se o método para filtrar as questões preennche os requisitos mínimos da democracia.
Para ser igual a Obama, só lhe falta participar num talk-show televisivo. Da TVI, por exemplo.