30 setembro, 2009

Política na lama

Ao passar os olhos pelas manchetes e pelas escolhas fotográficas da imprensa da manhã, chega-se à conclusão que Cavaco está a ser «linchado» mediaticamente. Provavelmente, com razão. Estamos de regresso ao «pântano» que Guterres e Barroso evitaram, com retiradas estratégicas para o estrangeiro. Veremos qual dos dois, PM ou PR, que fica atolado no lamaçal da política à portuguesa. Ao povinho só resta assistir na primeira fila às diatribes políticas e ir sobrevivendo às agruras do dia-a-dia.

29 setembro, 2009

Declaração de impotência e derrota

Após mais de 40 dias de estranho silêncio, Cavaco despejou o saco sobre o tema das escutas. O registo empregue pelo Presidente nesta «declaração à comunicação social», em horário nobre para o povo ver, foi de todo atípico para um Chefe de Estado. Cavaco falou em «manipulações», «mentiras» e tentativas de o «colarem» ao PSD, atacou fortemente o partido do governo, na pessoa dessas insignificâncias chamadas José Junqueiro e Vitalino Canas, mas ficámos com sensação que o ex(??)-assessor Lima (afinal, parece que ainda circula nos mentideros da Presidência) esteve mesmo a «manipular» um jornalista do «Público» para escrever determinada notícia. Sucede que, como justificou repetidamente o PR, ninguém está autorizado a falar em seu nome, logo a notícia divulgada sobre as alegadas escutas é uma falsidade.
Três conclusões:
- A «guerra civil» entre S. Bento e Belém prossegue dentro de momentos.
- Salvo imprevisto, Manuel Alegre já pode pensar na decoração do palácio rosa a partir de 2011.O Sócrates promete ajudar.
- Com actores deste nível, o país é, de facto, politicamente ingovernável.

Frase vencedora do prémio «Tás aqui, tás a levar outro processo»

«Sócrates, o negociador? Isso seria como pedir ao Conde Drácula: 'A partir de agora, só sumos naturais, se faz favor», João Miguel Tavares, jornalista que tem um processo em tribunal movido pelo Primeiro-Ministro, in "Diário de Notícias", 29 Setembro 2009

O inventor da «inventona»

Depois da urdidura e da cabala, o «clone» socrático inventou a «inventona», para caracterizar o «Watergate» dos pastéis de Belém. Diz a SIC que o vocábulo não existe no dicionário. Por via das dúvidas, oiça-se o professor Malaca Casteleiro.

28 setembro, 2009

Parem as máquinas

Cavaco faz amanhã, à hora do jantar, «uma declaração à comunicação social». Espera-se que o PR tenha algo de realmente importante para dizer, já que a inabilidade tem sido abundante. De certeza que muitas dúvidas vão ficar por esclarecer. A ordeira e bem mandada classe jornalística não faz ondas e teima em não exigir que no final da declaração, o senhor PR se submeta a algumas questões da «press», como acontece, por exemplo, com Obama nos Estados Unidos. Por cá, ouvem e calam.

Ajuda divina

As comparações da política com o futebol não acabam. O PSD, considerado o partido mais genuinamente português, anda numa aflitiva sequia de poder, comparável com a falta de títulos do Benfica no campeonato nacional. Um tem sido um «cemitério» de líderes, o outro uma «vala comum» de treinadores. Nos últimos 14 anos, os sociais-democratas estiveram 3 anos a governar, enquanto o clube da águia, nesse mesmo período, só comemorou o sabor da vitória por uma única ocasião. Na Luz, dizem que parece que «este ano é que». Na S. Caetano à Lapa, por muito que se ganhe a Taça da Liga e a Taça de Portugal, leia-se europeias e autárquicas, o que os adeptos e os laranjas de carteirinha ambicionam é mesmo chegar ao governo. O cheiro a poder continua longe. O PSD precisa, urgentemente, de um Jorge Jesus na liderança.

Adeus até ao meu regresso

A Ongoing chegou a acordo com a Prisa para comprar 35 por cento da Media Capital. Pode ser o regresso de Moniz, agora administrador da Ongoing, para resgatar a «emprateleirada» Manuela, algures no primeiro andar da redacção de Queluz de Baixo. O problema é que agora com um governo minoritário talvez não faça muito sentido o regresso do «Jornal Nacional» das sextas. Digo eu.

Manobras de diversão

Diz-se que a política é a arte do possível, mas o que se assiste é que algumas forças partidárias estão a fazer malabarismos impossíveis para demonstrar que o PS perdeu estas eleições, quando o score final revela o contrário. Estabelecendo um paralelo com o futebol é o mesmo que Paulo Bento fez quando a sua equipa saiu derrotada no Dragão e o técnico leonino socorreu-se de um caso mal resolvido com o árbitro Duarte Gomes para uma manobra de diversão.

27 setembro, 2009

96 + 21 = 117

Ninguém, excepto os socialistas, queria a maioria absoluta, mas é o tema que está a obcecar tudo e todos. Para atingir os 117 deputados no Parlamento, que perfazem a maioria, só somando 96 parlamentares socialistas com os 21 democratas-cristãos. Aqui e ali, Sócrates terá de se chegar mais perto de Portas que, deste modo, poderá «regressar» ao governo, mesmo sem o integrar. O líder do CDS poderá ser o fiel da balança para viabilizar propostas governamentais em S. Bento.

Quem se segue?

No PSD tenta-se mistificar uma evidente derrota e procura-se recolher os louros do PS ter perdido a maioria absoluta, quando é lógico que foram o BE e o CDS os obreiros de os socialistas terem uma minoria parlamentar para governar. A inenarrável «Zézinha» Nogueira Pinto, a tal que vota PSD no dia 27 de Setembro e vota António Costa no dia 11 de Outubro, meteu os pés pelas mãos ao tentar explicar que quem tinha perdido, afinal, era o PSD.
No seio da família laranja o primeiro a pronunciar-se por uma via da ruptura foi o do costume: Luis Filipe Menezes diz que Manuela não tem condições para prosseguir depois das autárquicas. Quem é o senhor que se segue?

«Armani» ganhou as eleições

A verdade, a autenticidade e o discurso da asfixia democrática não convenceram os portugueses. Sócrates fica sem a maioria parlamentar, mas nem os casos do Freeport e da licenciatura ou a contestação dos professores lograram derrotá-lo no score final. Terá sido por isto que ele vai continuar em S. Bento?

O populista incansável

Paulo Portas merece o resultado que pode levar o CDS, um partido que em termos estruturais é quase inexistente, a terceira força política no Parlamento. A mensagem que o esforço e o trabalho compensam, calou fundo em muitos portugueses que desviaram o seu voto do PSD para o CDS. O povo, na sua imensa sabedoria, curte da mesma forma um mentiroso com boa imagem e um populista incansável.

«Avarias» estatais

As «avarias» da RTP em termos de novas tecnologias na noite eleitoral não estão a correr pelo melhor. Rodrigues dos Santos e José Alberto Carvalho parece umas baratas tontas, caminhando de um lado para o outro de um estúdio grande demais. Depois de um intervalo, vê-se em imagem panorâmica, uma senhora de vermelho, com um microfone na mão, que cruzou em passo acelerado o estúdio, perante a estupefacção e atrapalhação do cada vez mais gago «Zé Beto». Um must.

O sobrevivente

As primeiras sondagens indicam que Sócrates vai manter a tradição: exceptuando Santana Lopes, nunca nenhum primeiro-ministro em funções, perdeu umas legislativas. Teremos de o aturar mais uma legislatura. Confirma-se o seu instinto de sobrevivência. Resta saber como governará, e se conseguirá governar, sem maioria. Quanto aos derrotados da noite, acima de repente, lembro-me de Pacheco Pereira, Manuela Moura Guedes e...Cavaco Silva.

Carros em segunda mão

Louçã e Sócrates, residentes no centro da cidade de Lisboa, foram votar na respectiva mesa de voto instalada num stand de automóveis na Rua Alexandre Herculano. Curiosa ironia, de facto esta eleição é um autêntico certame de carros em segunda mão e com pneus recauchutados.

26 setembro, 2009

Dia de reflexão

A «Lux» dá o mote para uma reflexão bem ligeirinha para um dia propício à instrospecção política: por que esconde Sócrates a namorada?

O espelho fiel

A revista alemã «Der Spiegel» (O espelho, em tradução para português) faz na capa da sua última edição um exercício especialmente feliz de jornalismo. Sentados no cadeirão do poder estão Merkel e Steinmeier, os dois principais candidatos ao cargo de Chanceler, que disputam amanhã eleições gerais. Com a revista na mão é possível ver que um efeito especial permite alterar a cara de quem está sentado, alternado o rosto de Merkel com o de Steinmeier. A mensagem é: votem, mas no fundo, são os dois «farinha do mesmo saco». A verdade por cá não é muito diferente, apenas com a diferença que quem governa é um homem e não uma mulher.

25 setembro, 2009

«Bas-fond» presidencial

Cavaco mandou embora Lima, mas acaba por mantê-lo no gabinete em preciosas funções de «bas-fond». Razão tinha Lampedusa, «às vezes é preciso mudar algumas coisas para que tudo fique na mesma ...»

Mais uma...

Outra sondagem amplamente favorável ao PS foi divulgada hoje pela TVI. Acentua-se a tendência da transferência do voto útil do BE para os socialistas. Os comunista descem. Os centristas ficam perto do objectivo. Os indecisos continuam a baralhar os dados. Quase certo é que dificilmente Ferreira Leite vai chegar a líder do governo.

Estado de sítio

Os moradores dizem residir na «faixa de Gaza», no «bunker» ou junto ao «check-point» da Rua Carlos Enes, onde se localiza a blindada Embaixada de Israel, em Lisboa. Duas cancelas automáticas e vários pilares antibombas vigiados por agentes da PSP e da Mossad (a «secreta» israelita) impedem, há mais de 1 ano, a passagem de veículos numa das zonas mais movimentadas da cidade. Acontece no centro da capital, em plenas avenidas novas. Dadas as afinidades com os americanos, bem que podiam deslocalizar a embaixadora israelita para as Laranjeiras, onde se situa a também super-vigiada representação americana em Portugal.

23 setembro, 2009

Os magos das sondagens

Começam a correr como se um rastilho se tratasse os resultados das primeiras sondagens que antecedem o final da campanha eleitoral. Se não se confirmar de todo o avanço do PS para o PSD, nesta da Marktet em cerca de 9 pontos, então o Oliveira do «Trio de Ataque», o Magalhães da Católica e o Queirós, também conhecidos pelos magos das sondagens, vão dedicar-se à «lavoura», termo popularizado pelo jovem agricultor, Paulo Portas que, também ele, em tempo oportuno, denunciou o poder da «indústria das sondagens».

Recomendado para engenheiros e não só

Coincidindo com o espectáculo comemorativo dos 30 anos dos Xutos e Pontapés, sábado, no Restelo, o Diário de Notícias lança uma coleccção com 11 cd's originais da banda, com oferta de caixa arquivadora e um booklet com fotos e todas as letras. O concerto acontece na véspera das eleições legislativas e não se pode dizer que a promoção esteja a ser muito intensa. Mal se tem ouvido «Sem eira nem beira», uma música retirada do último album e que reclama a um tal engenheiro não identificado um pouco de atenção.

Novo retrato oficial do PR


Cavalgar a onda

Um Benfica na mó de cima é um maná para os jornais desportivos. Especialmente para «A Bola», publicação muito próxima dos «encarnados». A primeira página da edição de hoje é um descarado cavalgar da onda. Só que em nome da seriedade talvez fosse mais conveniente que o jornal tornasse pública a sua declaração de interesses, como acontece em Espanha, com a «Marca», para o Real Madrid, ou os jornais desportivos da Catalunha, para com o Barcelona.

Político rural

Amândio Madaleno é o líder do Partido Trabalhista Português (PTP), força partidária criada especialmente para as eleições legislativas e que desde que o quarteto de humoristas que esmiúçam os sufrágios transmitiram um dos seus artesanais e ridículos tempos de antena foi catapultada para o estrela. Madaleno é o chamado político rural. E parece que caiu no goto, multiplicando-se em entrevistas e declarações várias, valendo-lhe, inclusive, um convite para fazer a revista de imprensa matinal da SIC-Notícias. A genuinidade, afinal, existe em política.

22 setembro, 2009

Plantar para colher depois

O homem que reinventou o termo «lavoura» merece ter um bom resultado no próximo domingo. As campanhas eleitorais de Portas são sempre intensas e bastante dinâmicas. Portas é um autêntico «carregador de piano», como se diz no futebol. Hoje, andou de volta das uvas para as bandas do Bombarral. Ele é o partido. O seguro de vida e ao mesmo tempo o de morte do CDS. Chegar aos 8 por cento é o seu objectivo. Se Manuela não convence, Portas convence até demais. E o que faz, faz por gosto. Ele também é genuíno no esforço que desenvolve para fazer sobreviver o seu partido.

Asfixiada eleitoralmente

Parecia resultar e entrar no goto a expressão «asfixia democrática», mas logo se banalizou. Já se evoluiu para diversas cambiantes asfixiantes. Ao contrário de, por exemplo, Paulo Rangel, a líder social-democrata não consegue galvanizar. Isso é evidente nas arruadas e nas intervenções (sim, porque Manuela não faz comícios) que tem feito pelo País. Com meio país de costas voltadas para este Governo, seria um ensejo de ouro para o PSD regressar ao Poder. A menos que os indecisos protagonizem um valente golpe de teatro, vamos ter Sócrates, com ou sem Louçã por perto, por mais 2 anitos. Mas descansem os anti-socráticos, o «animal feroz» sem maioria absoluta jamais se aguenta no «poleiro» uma legislatura inteira. O poder minoritário também o asfixia.

«Jogos Sem Fronteiras» nas ruas de Lisboa

O autarca Costa começa a especializar-se em números próprios dos «Jogos Sem Fronteiras». Hoje, no Dia Mundial Sem Carros (a sério? Era mesmo?), agendou uma corrida entre o Metro, onde seguia o edil, um Porsche conduzido por Pedro Couceiro e uma bicicleta. O percurso era entre o Campo Grande e o Rossio. Ganhou o veículo de duas rodas, seguido pelo metropolitano e só, 33 minutos depois de ter partido, é que chegou a «bomba» de Couceiro. António Costa, hábil na arte dos truques políticos, sublinhou a eficácia dos transportes públicos com um novo «slogan»: «Se quer um túnel, vá de Metro», numa clara alusão à pretensão do seu principal adversário na campanha autárquica. Exemplar. Sem mexer uma palha e com uns exercícios de ilusionismo o Costa vai ganhar as eleições com uma perna às costas, beneficiando da falta de comparência de Santana Lopes, estranhamente «missing in action». Os cartazes que andam espalhados pelas ruas de Lisboa estão miseráveis. O homem está mesmo velho ou é só estratégia de «marketeiros» para fazer as massas pensarem que passou uma eternidade desde 2004?

Ilações preliminares

Pese embora o silêncio ensurdecedor do Presidente, começam a ganhar consistência algumas teorias do «BelémGate»:
1) Fernando Lima foi o «bode expiatório» escolhido por Cavaco para o sacrifício;
2) Cavaco aprendeu com o caso Dias Loureiro e não teve outro remédio senão prescindir, pelo menos oficialmente, do seu braço direito de mais de 20 anos;
3) Sobre a quem aproveita este episódio macabro da democracia portuguesa, no domingo à noite teremos mais pormenores. Mas o PS é que não sai prejudicado, certamente.

21 setembro, 2009

A influência do magnata

O grupo Imprensa está especialmente activo nos dias que antecedem o acto eleitoral. A maioria das sondagens está longe de ditar o que resulta deste inquérito de opinião da revista «Exame» e, curiosamente, é uma revista do grupo de Pinto Balsemão a tirar esta conclusão, no mesmo dia em que o «Citizen Kane» lusitano, em entrevista ao "Público", diz que o ministro S.S. foi o pior ministro que tutelou a pasta da Comunicação Social desde o 25 de Abril.

Afinal, era platónico

Acabou o romance mais badalado do verão. Raquel dos Santos atribui a «incompatibilidades» o fim da relação de dois meses com o escritor António Lobo Antunes. Tudo não passou de uma «paixão platónica», segundo a própria em declarações ao "I". A brasileira, editora da revista «Teias Literárias» e professora universitária, ficou, necessariamente, mais conhecida, já sobre o estado anímico de Lobo Antunes pouco se sabe. Os desgostos de amor tanto podem dar para dilatar a veia literária como para estimular um tremendo sentimento depressionário.

A frase do dia

«Este caso vai ser um grande romance (...) fica demonstrado que se utiliza a Madeira para brincar com coisas sérias. Os factos deram-me razão, agora resolvam o imbróglio, chamem o Sherlock Holmes ou um gajo qualquer», Alberto João Jardim, Agência Lusa, 21 Setembro 2009, pronunciando-se sobre a demissão do assessor do PR

O caceteiro eficaz

Gosto de Paulo Rangel. O meu sentimento de admiração para com o deputado social-democrata tem vindo a crescer com o passar do tempo. A este advogado do Porto sobra o que Manuela Ferreira Leite tem em falta: substância, fibra, oratória acutilante e um estilo comicieiro que, por muito que a «outra senhora» diga que não tem jeito para fazer e está ultrapassado, continua a cativar as massas. Rangel, digamos assim, tem um lado legítimo de caceteiro (a léguas do imbatível ministro S.S.), mas consegue sê-lo com charme e, mais do que isso, com eficácia. Conteúdo tem. Bastava metê-lo numa naquelas rubricas do «Correio da Manhã» de domingo do «Antes» e «Depois», para Rangel aparecer, como novo, com 30 quilos a menos. Um restyling que iria provocar comoção nacional. Quem sabe se a noite eleitoral for tempestuosa para os lados da S. Caetano à Lapa não temos já sucessor na calha?

O que fazer quando o cavaquismo se desmorona?

O que parecia impossível acontece. Cavaco Silva mandou um dos seus eternos homens de confiança para o olho da rua. Fernando Lima, o assessor que alegadamente fazia «encomendas» para os jornais, foi substituído como assessor de imprensa do Palácio de Belém. Começa a descobrir-se que alguns dos braços direito do Presidente, como é o caso de Dias Loureiro ou do próprio Lima, afinal são tudo menos bons rapazes. E perante o avolumar da bola de neve, também se começa a temer pela seriedade de Cavaco.

20 setembro, 2009

«Sócrates é fixe»

O «pai da pátria» fez a sua aparição na campanha eleitoral esta tarde, no Porto, para dizer aos jovens e aos graúdos que «Sócrates é fixe!», em alusão ao slogan que norteou a corrida presidencial que Soares venceu em 1986, e apelidar Ferreira Leite de «fanática». Se na altura a música oficial era o «Rock da Liberdade», interpretado por Rui Veloso e com letras de António-Pedro Vasconcelos, para este momento era apropriado uma canção chamada «Rock da asfixia democrática».

Segredos mal estimados


É (ainda) um dos segredos bem guardados da cidade de Lisboa, fruto do trabalho de recuperação dos miradouros do incansável vereador «Zé», mas como não somos invejosos gostamos de partilhar com quem merece. Chama-se jardim Botto Machado e fica junto à Feira da Ladra, no Campo de Santa Clara, com uma panorâmica invejável para o Panteão Nacional e o rio Tejo. Dois alertas: evite a visita às terças e aos sábados, dia do «el rastro» lisboeta e tenha paciência com a habitual lentidão dos empregados da esplanada e com a sua falta de jeito para tirar um café em condições. Mas como diz o outro: haja saúde!

Não me interpretem mal

O sorriso rasgado e a pose de estadista na primeira página do «DN» não enganam. Uma entrevista dominical para reforçar as qualidades do querido líder. No essencial, mais do mesmo, excepto na página em que Sócrates fala do seu lado mais privado. Confessa que «compra a própria roupa», mas recebe os «conselhos na namorada», uma referência que fica sempre bem. Sobre os gostos musicais destaca um grupo e uma música com mais de 20 anos, os Pretenders e o célebre hit da banda da vocalista Chrissie Hynde, «Don't get me wrong». A canção não parece escolhida ao acaso. Deduz-se que os erros destes 4 anos de governação foram meras falhas de interpretação.

19 setembro, 2009

A frase do dia

«Este clima de medo e de intimidação nunca existiu em Portugal desde o 25 de Abril e é de facto uma obra e um legado do engenheiro Sócrates (...) O primeiro-ministro ontem fez um ataque ao director do Público absolutamente inacreditável. Não há nenhum país da Europa onde isto aconteça. Isto só na Venezuela e com Chávez é que acontece», Paulo Rangel, Agência Lusa, 19 Setembro 2009

Quem nos acode?

Fizeram juras de amor eterno e aos sete ventos disseram que gostavam muito de trabalhar um com o outro. Como naquelas paixões intensas que se vão degradando com o tempo, a «cooperação estratégica» está a descambar para ódio e viganças mútuas. O grande drama de Cavaco e de Sócrates, quase semelhante ao daqueles casais que se separam e depois como não conseguem vender a casa têm de coexistir debaixo do mesmo tecto, é que provavelmente vão ter de se gramar, pelo menos, até 2011. Com o Governo e a Presidência em guerra aberta, não declarada, restaria esperar pela instituição parlamentar, também ela numa decadência confrangedora. Quem nos acode?

Segredos leva-os o vento

Interessantes e oportunas as declarações do presidente da Associação Sindical da PJ (ASFIC/PJ), Carlos Anjos à Lusa. O sindicalista diz que Portugal é dos países onde se faz menos escutas na Europa», acontece que o problema é que «somos o povo mais desbocado que existe, ninguém consegue guardar um segredo e toda a gente conta tudo a toda a gente», acrescentou, considerando que no caso do jornal Público «não houve ninguém sob escuta. O que aconteceu, como é normal, é que alguém passou a informação cá para fora». Elementar, meu caro Watson!

A gataria esmiúça as audiências

Quem diria: os políticos portugueses «reabilitaram» os Gato Fedorento no seu regresso à televisão. Os serões a «esmiúçar os sufrágios» têm quase sempre roçado os 2 milhões de telespectadores, ontem chegaram mesmo a ultrapassar a audiência do jogo do Benfica, com um share próximo dos 50 por cento, o que significa que quase metade dos portugueses estão diante do televisor sintonizados na SIC. A TVI continua a deslizar pela encosta abaixo, com a «grande repórter» Moura Guedes num canto da redacção e o novo «boss», Juca Magalhães, disposto a «acabar com a intrigalhada» em Queluz.

Na mouche

Nem de propósito. Garcia Pereira lançou esta tarde o seu novo livro «Crónicas - um país sob escuta». A receita é a habitual, uma compilação, ao melhor estilo best of, de artigos do eterno candidato do PCTP-MRPP.

18 setembro, 2009

Competência e charme

É reconhecida a afinação da máquina socialista em termos de marketing, imagem e propaganda. Nesta camapnha, o partido disponibiliza um autocarro para jornalistas equipado com todas as mordomias para facilitar o trabalho dos profissionais. Mas a última que ouvimos bate todos os recordes. Alguns dos jornalistas que acompanham a caravana do PS têm recebido o prestável apoio de alguns elementos da Juventude Socialista para estacionar os seus automóveis. Para não perderem pitada da campanha do querido líder, elementos da «jota» pedem as chaves das viaturas dos elementos da comunicação social que chegam em cima da hora e perdem o tempo que for necessário até arranjarem um estacionamento condigno e em segurança. Uma autêntica operação de charme e, já agora, de competência...

A incoerência do Presidente

Por causa do Estatuto dos Açores, Cavaco mandou parar tudo e, em pleno período estival, fez uma solene comunicação ao País, em horário nobre. Por causa do processo das escutas, que já se arrasta há mais de um mês, o Presidente diz que depois das eleições vai apurar factos. Cavaco anda a perder qualidades, se é que alguma vez as teve.

A frase do dia

«O que mais me surpreende no carácter de José Sócrates é a sua bipolaridade. Não se distingue nele a faceta pública da privada, o homem e o líder. O que é raro num político», Rui Costa Pinto, autor do livro «José Sócrates - o homem e o líder», Correio da Manhã, 18 Setembro 2009

«BelémGate», a sequela

A notícia do «DN» pode neutralizar a campanha por alguns dias, beneficiando, claramente, o PS e colocando sob fogo cruzado a Presidência da República. Fernando Lima é o eterno assessor de imprensa de Cavaco e curiosamente foi director do «Diário de Notícias», jornal que, agora, na era Marcelino, está muito conotado com o governo socrático.
PS: O Presidente já falou e avisou que depois das eleições vai averiguar «questões de segurança». O SIS sob suspeita. O responsável político que tutela os serviços de informações é o...Primeiro-Ministro. Mais uns dias sem se falar dos problemas e das soluções para o país.

17 setembro, 2009

Céu muito nublado, com abertas para a tarde

A espécie de boletim meteorológico escolhida para título deste post bem que podia caracterizar os 3 anos de vida do semanário «Sol», que amanhã se cumprem. Nascido com grande pompa e muitas promessas pela mão do arquitecto Saraiva, o semanário nunca passou disso mesmo, uma promessa. Acompanhou de perto e por vezes com grandes «cachas», que marcaram a actualidade, o caso Freeport e o processo em torno do novo aeroporto de Lisboa. De resto, pouco mais. A aposta no «el dorado» angolano é a fuga para a frente de um jornal que já vendeu 75 mil exemplares e agora anda pelos 40 mil, com a agravante de, ao contrário do que defendia o arquitecto, já não valer por si mesmo. A pensar nas crianças, todas as semanas o jornal vem acompanhado por um DVD de nível duvidoso. Como amanhã é a edição de aniversário decidiu caprichar e oferecer algo diferente: «Bob, o construtor». Neste caso, o que o arquitecto ergueu foi um projecto falhado. Sem margem para crescer e que até teve o desplante de mudar o seu dia de publicação de sábado, onde era uma formiga diante do elefante "Expresso", para a sexta, com receio da mossa que o "I", que vende uns 7 ou 8 mil gazetas, lhe podia causar.

Uma tormenta para recordar

Há momentos de felicidade. Que o diga o fotógrafo que captou esta imagem na zona norte do Parque das Nações, junto à Ponte Vasco da Gama.Trata-se de um instântaneo que anda a circular na internet e que testemunha a trovoada, à mistura com relâmpagos, que se abateu sobre Lisboa na madrugada e manhã do passado dia 9. Vale bem a pena clicar na imagem para ver em detalhe a oportunidade deste registo.

O fumo e o inevitável fogo

O ditado «não há fumo, sem fogo», confirma-se. Como tinhamos aqui avançado há um par de dias, José Manuel Fernandes abandona o «Público» após as eleições autárquicas, para evitar (invitáveis) conotações políticas e, quiçá, para não se fazer a associação que foi o Sócrates e Santos Silva que despacharam mais um crítico do Governo. Parece que desta foi mesmo o engenheiro Belmiro a dar um chuto no «Zé Manel».

Rio abaixo, Rio acima

Rui Rio promete que vai cumprir o seu mandato (o terceiro) na Câmara do Porto caso ganhe as eleições de Outubro e que não considera uma candidatura à liderança do PSD caso a «outra senhora» seja «esmiuçada» no sufrágio de dia 27 de Setembro. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, o desgaste que leva Sócrates é de tal ordem que se o seu opositor fosse Rui Rio, esta eleição «já eram favas contadas» para o autarca portuense.