15 novembro, 2008

A tirania da comunicação e os pequenos ditadores

Lisboa, 15 Nov (Lusa) - O Benfica decidiu não atribuir credenciais à Agência Lusa para o encontro de domingo com o Estrela da Amadora, da Liga de futebol, na sequência de uma notícia publicada sexta-feira sobre prémios pagos aos administradores. A decisão foi comunicada à Lusa pelo director de comunicação do Benfica, João Gabriel, que deu como justificação a notícia com o título “Futebol: Benfica - Administradores da SAD receberam 180.000 euros de prémio apesar do quarto lugar na Liga”. Por este motivo, os jornalistas da Lusa vão estar impedidos de fazer a cobertura do jogo no Estádio da Luz.

Em Portugal os clubes põem e dispõem. Dizem se «A» pode entrar e se «B» está proibido de cumprir com o direito à informação. Lendo bem a notícia, não consigo perceber se o campeonato é organizado pela Liga de Clubes ou se o jogo de amanhã é apenas uma «peladinha» entre as reservas do Benfica e do Amadora para uma qualquer prova de solteiros e casados. E mais: se houvesse solidariedade a sério entre os camaradas jornalistas, ninguém punha amanhã os pés na Luz. Até porque, recentemente, o «Correio da Manhã» fez um artigo em tudo semelhante ao da Lusa, mas sobre os rendimentos dos administradores da SAD do FC Porto.

Sábias palavras

«Em Portugal, quem rouba um tostão é um ladrão e quem rouba um milhão é um barão», Francisco Louçã, líder do BE, Telejornal, 15 Novembro 2008

Audiência sem marcação

Esta manhã, o ex-presidente da Câmara de Lisboa, que também já passou por S. Bento, abriu o DN e viu na manchete: «Santana e Carmona investigados por novas suspeitas de corrupção». Acto contínuo, pôs-se a caminho da Rua da Escola Politécnica para ser recebido pelo procurador-geral da República, apesar de não ter audiência marcada. Pinto Monteiro atendeu-o, de pronto.
«O senhor procurador-geral da República garantiu-me que não havia nada. Não havia nenhuma suspeita nem nenhuma investigação dirigida por minha causa ou contra mim», adiantou ao SOL o ex-líder do PSD. Se bem me lembro, com o Carlos Cruz aconteceu o mesmo. Ouviu as mesmas palavras tranquilizadoras do então PGR, Souto Moura, e depois foi parar à cadeia por alegado envolvimento no caso Casa Pia.